Perdidos em alto-mar, pescadores bebem urina para sobreviver

23/07/2014 21:05

Debilitados, com frio, fome e sede, seis pescadores que ficaram à deriva por pelo menos 18 dias chegaram ontem à tarde ao Rio após terem sido resgatados a 500 km de seu ponto de partida. Eles saíram em 27 de maio de Cabo Frio (RJ), para onde deveriam retornar em 9 de junho, após a pescaria em alto-mar. Por problemas ainda não identificados no barco, ficaram à deriva até serem resgatados no litoral de Santa Catarina, anteontem.

Com mantimentos para 15 dias, passaram fome e sede. "Não tinha nada para comer, tivemos de beber urina", disse Maicon Santos, 24, o mais jovem da tripulação e o único do Estado do Rio -os demais são capixabas. Ele disse que a embarcação enfrentou uma tempestade e quase afundou. Vagando à deriva em alto-mar com um barco pequeno, tiveram dificuldade de ser vistos por outros navegantes.
 
"Passaram vários navios, mas era como se nós não fôssemos nada", disse.
 
Quem os encontrou e os socorreu, a mais de 200 km da costa, foi o navio-tanque Marola, de bandeira italiana, que navegava de Rio Grande (RS) rumo a Trinidad e Tobago e os levou até o Rio. Sentado em uma ambulância, Santos estava abatido e muito magro, mas conseguiu desembarcar caminhando -três dos colegas saíram em macas, aparentando estar desacordados. A seu lado, sua mãe, Maria das Graças, 53, chorava. "Eu sempre soube que ele estava vivo. Deus é maior."
 
Segundo Pedro Araujo, 50, dono do barco e contratante da tripulação, a embarcação -a traineira Wiltamar III, de 12 m de comprimento, que não foi resgatada- tinha oito anos e estava equipada para pescar em mar aberto. "Eles tinham sonda, dois rádios. Foi uma fatalidade. Ainda vamos saber o que aconteceu, devem ter sofrido uma pane elétrica", disse Araujo. A Marinha confirmou que a documentação estava regular.
 
Depois de desembarcarem, os seis homens foram encaminhados a hospitais.